quinta-feira, 7 de abril de 2011

Minha Aprendizagem

Começar com uma vírgula e terminar com 2 pontos. Não ter fim em si mesmo. Mergulhar para ampliar, sejam horizontes, sentimentos, dores, prazeres, refúgios e culturas.
Ser implica em não ser completo. Nunca feliz, nunca triste, nunca satisfeito, simplesmente sendo. Sendo e respirando. Não esqueça de respirar. Ao respirar se vive, se foge da anestesia que é passar pelas horas sem admirar o vermelho faz-de-conta do pôr-do-sol. Respirando você se faz parte do ar. Respirando você evita o afogamento nas águas profundas, sejam as reais ou as imaginárias, as piores.

Medo, depressão, solidão: águas densas que só os maduros que aprenderam a respirar de verdade fogem. Não se é até se bastar. Você não é o que você veste, onde você mora, o que você come, o que você lê, o que você diz, o que você escreve. Só se é de verdade quando se basta em ser.

O coitado é aquele que precisa esquecer de si, é aquele que, no momento de solidão entra em pânico. Uma vez o pânico da solidão instalado, as voltas que esta pessoa vai dar para finalmente achar as respostas para o fim de sua angústia são muito maiores. Voltas e voltas e voltas. Às vezes isso é tudo que uma pessoa faz durante a vida toda. Dá voltas para não parar para respirar de verdade. Dá voltas por medo da solidão, do silêncio, do desconhecido.

Ser: um silêncio tão temido. E ninguém lembra que um silêncio bom e tranquilizante é a maior demonstração de afeto. Ambos em silêncio, se bastando: essa sim é a maior conexão que vai existir entre duas pessoas. Silêncio é o amor que não precisa ser dito. Está lá, esse silêncio raro que denuncia um sentimento tão puro, tão latente em si que, se quebrado com palavras, a mágica acaba, a fantasia do faz-de-conta perde a cor.

Tudo termina no mesmo ponto, você só determina o caminho que se vai tomar. Você decide como será até lá. Seja de uma criança para um adulto, seja de um pessimista para um otimista, seja de um solitário para um acompanhado. Tudo leva até o mesmo ponto de chegada: ser, e nada mais.

Ode ao Grito

Grite. Grite por uma decepção. Grite por um time. Grite por uma conquista. Grite por uma causa. Grite pelo que você quiser. De que adianta escrever o que se pensa, se o que se pensa não se faz ouvir? Vamos logo! Grite por uma hipocrisia. Afinal, por que a mulher tem que ser sempre tão mesquinha e traiçoeira a ponto de não poder ser chamada de amiga? Grite por amizades nas horas que mais te emocionarem.

Viu, caro amigo? Grite! Grite antes que seja tarde demais. Grite pra declarar um amor, um descontentamento, uma raiva, qualquer sentimento preso lá no fundo das entranhas da sua mente! Grite e solte seus demônios, antes que eles te engulam. Grite antes que seu corpo sofra por você. Grite antes da gastrite, antes das rugas, antes do peso, antes até dos esqueletos. Tire-os do armário, só ocupam espaço e acumulam armaguras. Se livre disso. Grite para se sentir livre! Mesmo que as represálias venham para tentar abater o grito.

Grite antes da aurora da amargura.
Grite antes que a distância aumente.
Grite antes dos sorrisos falsos.
Grite antes das lágrimas escondidas.
Grite antes que o amor esgote.
Grite antes que o tesão broche.
Grite antes que a dor te consuma.
Não desista, grite. Grite nem que seja em troca de um alívio.

Querido amigo, nem te conheço e mesmo assim desejo com muito carinho que seja melhor do que o que eu já fui. Me demorou tanto para aprender o quanto o grito é importante. Não deixe a sua voz cessar nem o ego se intimidar. Isso vai te consumir. Se você deixar isso acontecer, meu querido estranho, tudo o que vai te restar é o papel para que você escreva suas angústias e medos, ou às vezes nem isso.
E lembre-se, às vezes nem o papel tem paciência.